20090313

ghost of perdition

Três anos. Faziam exatamente três anos que aquilo tudo havia acontecido. Bren nunca havia de fato entendido como tudo aconteceu, ele só soube que aconteceu. Tempos depois, ele entendeu que sim, algo estava diferente nele.

Talvez as coisas agora começassem a fazer algum sentido maior, ele não saberia. Havia sempre outras garotas em sua cabeça, claro que haviam. Ele era humano, não era? E talvez esse sempre fosse o fato.

Sharon. Sharon entrou na vida de Bren do mesmo modo que um relâmpago corta os céus. Inesperada, eletrizante, implacável. Chegou e tomou conta dos sonhos, até o fim.

O fim.

Sharon sempre fora diferente de Bren, em todos os aspectos. Bren imaginava que eles juntos formavam um todo, que suas duas metades opostas completavam tudo que precisavam.

Mas é claro, sempre há um coração errado em qualquer história.

Nessa, não é diferente.

Agosto. Sempre fora o mês preferido de Bren. A primevera despontando com seus braços preguiçosos e floridos, e aquela antecipação no ar, que sempre ocorre antes do verão.

Mas esse ano ele sentia que não seria assim, algo novamente estava diferente dentro dele.

O que era aquela ansiedade? Porque sempre haviam fios de aço em sua barriga sempre que via Sharon? Ele não sabia, ele nunca saberia. Porque pra ele, pra ele sempre fora tudo do jeito que ele queria.

Então houve um dia que Sharon, aquela que ele considerava o amor da vida dele, começou a se comportar de forma estranha. Não havia sorrisos para ele, não havia beijos de despedida e nem mesmo as conversas, coisas que para Bren se tornarão tão necessárias e corriqueiras como respirar.

E ele nunca, nunca conseguiria parar de respirar. Entendem?

Então, finalmente, chegou.

É como ser atingido pela maior força do universo e continuar vazio. Vazio. Bren nunca pensou que entenderia como alguém poderia se sentir vazio, mas ao sentir que mil lágrimas e mil gritos não preencheriam aquela sensação de que falta algo, no fundo do estômago e dentro da sua cabeça, ele entendeu.

Entendeu que nunca dependeria só dele, e então ele deixou partir. Tentou esquecer. Mil anos, uma semana, tanto faz.

No fim, os nossos fantasmas sempre se vão.

- Sharon?
- O que foi, Bren?
- Eu sonhei contigo, Sharon, e tu me abraçava...
- São 3 horas da manhã... O que isso signifca, Bren?
- Tudo.




Thomas Hanauer.
13/03/2009.

Um comentário: