20090327

Versos Íntimos


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Augusto dos Anjos
ao melhor poema da história.

20090315

O amanhecer do dia seguinte

"O sol daquela manhã jamais aqueceria meu coração."

Imagino que essas tenham sido minhas últimas palavras, pelo menos até onde eu lembro.

E o que eu lembro?

Ah, sim. Eu lembro. Esse segundo vai durar mais do que eu preciso e eu tenho certeza disso.

Desde sempre, as coisas pareciam confusas. Talvez erradas, mas era complicado de compreender. Eu sempre fora solitário, eu não tinha dúvida disso. Mas, até que ponto eu suportaria? Eu nunca havia parado pra pensar que talvez não fosse um ponto muito distante, uma linha tão complicada de se cruzar.

Houveram amigos, sim. Houveram até aqueles que se prontificaram a morrer por mim, com a velha concepção de amizade que eu nunca tive. Sempre por mim, sempre cuidando do que me interessava e deixando de lado os outros.

Não era natural?

Eu sempre achei que fosse. Agora, aqui, sentado há 21 andares do chão que sempre me falaram pra não tirar os pés. Estamos em outubro, e o frio é mais intenso do que deveria. Podera, sempre tive essa fascinação pelos amanheceres, e agora, seis e quarenta e sete da manhã não poderia ser diferente.

Meus pés balançam muito com o vento, mas eu ainda estou firme no parapeito do grande prédio comercial do centro. Cresci vendo esse prédio da minha janela, acho que é natural eu terminar aqui também.

Desde que consegui me esconder dentro do prédio no horário comercial do outro dia, eu fiz o possível pra não pensar em nada. "Se enganando, dói menos", é o que dizia um velho amigo de infância meu. Amigo esse que também se perdeu com os anos. Sinto falta dele, se é que isso é possível. Talvez porque ele sempre me ajudasse e não pedisse nada de volta, e como eu sempre fui um egoísta...

Subir 21 andares parece besteira pra todo mundo, povo inútil da cidade. Para eles, existem os elevadores. Agora, suba 21 andares até o seu fim, caminhando por uma escadaria vazia que ecoa seus passos e seus medos.

Um esforço extra e talvez mais um motivo pra pensar. A porta do terraço está trancada. Parando aqui pra pensar, eu deveria ter dado a volta e tentado de novo. Não que desse certo, mas eu teria mais tempo para tentar. Não sei direito o que, e nunca soube.

Por isso, acabei aqui.

"Em dois segundos eu vou acertar o chão", a frase da velha música ecoa.

2 segundos onde estou são mais do que necessários.

2 segundos dos 47 minutos que fiquei sentado no parapeito olhando para o chão do alto daqueles 21 andares e imaginando se valia ou não a pena sujar aquele cinza tão... Tão... Completo.

"O sol daquela manhã jamais aqueceria meu coração" são as palavras que digo em voz baixa antes de abrir os braços e agarrar o meu inevitável.

Sempre ouvi falar que nós morreriamos antes de se dar conta da queda... Mas e quando essa queda é uma escolha? Só mais uma escolha de muitas que todos deveriamos tomar durante a vida.

E como muitas, essa é irremediável. Irrecuperável. Mortal.

Meu segundo parece estar chegando ao fim, enquanto o chão cada vez chega mais perto, e as pessoas na rua ainda sem compreender o que seria aquela grande mancha escura caíndo dos céus, como um sinal de que algo, em algum lugar, não havia dado certo.

O vento assobia nos meus ouvidos. Sinto que começa a chover e o frio daquela manhã de outubro formiga na minha pele.

Então percebo que é aqui que tudo acaba. Aqui é o fim.

Eu fecho meus olhos.



(a city rose)
(a street of blood)



Thomas Hanauer,
15/03/09.

20090313

ghost of perdition

Três anos. Faziam exatamente três anos que aquilo tudo havia acontecido. Bren nunca havia de fato entendido como tudo aconteceu, ele só soube que aconteceu. Tempos depois, ele entendeu que sim, algo estava diferente nele.

Talvez as coisas agora começassem a fazer algum sentido maior, ele não saberia. Havia sempre outras garotas em sua cabeça, claro que haviam. Ele era humano, não era? E talvez esse sempre fosse o fato.

Sharon. Sharon entrou na vida de Bren do mesmo modo que um relâmpago corta os céus. Inesperada, eletrizante, implacável. Chegou e tomou conta dos sonhos, até o fim.

O fim.

Sharon sempre fora diferente de Bren, em todos os aspectos. Bren imaginava que eles juntos formavam um todo, que suas duas metades opostas completavam tudo que precisavam.

Mas é claro, sempre há um coração errado em qualquer história.

Nessa, não é diferente.

Agosto. Sempre fora o mês preferido de Bren. A primevera despontando com seus braços preguiçosos e floridos, e aquela antecipação no ar, que sempre ocorre antes do verão.

Mas esse ano ele sentia que não seria assim, algo novamente estava diferente dentro dele.

O que era aquela ansiedade? Porque sempre haviam fios de aço em sua barriga sempre que via Sharon? Ele não sabia, ele nunca saberia. Porque pra ele, pra ele sempre fora tudo do jeito que ele queria.

Então houve um dia que Sharon, aquela que ele considerava o amor da vida dele, começou a se comportar de forma estranha. Não havia sorrisos para ele, não havia beijos de despedida e nem mesmo as conversas, coisas que para Bren se tornarão tão necessárias e corriqueiras como respirar.

E ele nunca, nunca conseguiria parar de respirar. Entendem?

Então, finalmente, chegou.

É como ser atingido pela maior força do universo e continuar vazio. Vazio. Bren nunca pensou que entenderia como alguém poderia se sentir vazio, mas ao sentir que mil lágrimas e mil gritos não preencheriam aquela sensação de que falta algo, no fundo do estômago e dentro da sua cabeça, ele entendeu.

Entendeu que nunca dependeria só dele, e então ele deixou partir. Tentou esquecer. Mil anos, uma semana, tanto faz.

No fim, os nossos fantasmas sempre se vão.

- Sharon?
- O que foi, Bren?
- Eu sonhei contigo, Sharon, e tu me abraçava...
- São 3 horas da manhã... O que isso signifca, Bren?
- Tudo.




Thomas Hanauer.
13/03/2009.

20090312

I wonder where I am in my relationship to you ~

"eu não acho nada
deixa eu me enganar, nem toca no assunto
eu descobri que se enganando, dói menos"








I need to lose to make it right.

20090311

Erros.
Acredito que todos nós cometemos, cedo ou tarde. Mas sabe, o pior é que não existe fato concreto sobre erros. O problema é SEMPRE o julgamento dos outros.

Imagino que existem vários julgamentos para cada erro, do mesmo jeito que existem muitos erros pra alguns julgamentos.

Errei, de verdade. E entendi que o meu pensamento sobre julgamento dos erros só era necessário para as consequências. E, diabo, as consequências sempre me destroem.

Não vou tirar das minhas costas o fato de que errei, e que sim, me arrependo. Houve a infantilidade da minha parte, a falta de pensar no que me envolvia e eu me arrependo.

Peço desculpas nesse canto aqui, só pra reforçar tudo que já foi falado onde deveria. E eu tô pagando o preço.

Um preço caro pra caramba.

Eu errei e esperarei. Talvez as coisas não dêem tão errado, afinal o tempo é relativo.

Sim, eu sei que se tu ler isso, tu entende. 00010101.




obrigado por ler. :)

20090305

so, myself to burn

E chega uma hora que eu sempre mudo.

E chegou mais uma.

Quando tinha 14 anos, eu era um pequeno psicótico sem noção alguma de vida social e afins. Mudei.

Agora tenho quase 17 anos e preciso crescer de novo, essa mudança, agora eu percebo, é necessária.

Cresci. Deixei de lado as saídas, as bebidas e alguns amigos, também. Abri mão de coisas que gostava pelo bem de coisas que amo.


Talvez ainda dê tempo de mudar tudo e ser feliz do jeito que sempre quis.

e isso aqui é uma promessa, isso daqui é uma prova.


shout it out so fuckin' loud: a new me arises