20100309

rascunhos - III

E ela parecia tão impossível pra ele.

Jack sabia que não deveria pensar assim, mas havia outro jeito? Às vezes um coração partido precisa de um apoio pra manter as lágrimas que inevitavelmente o enferrujarão. E às vezes ele consegue.

Os fantasmas de Jack haviam se ido. Praticamente todos haviam ido e deixado nele uma sensaão de vazio. Vazio, compreendem?

"Enquanto você coloca meu mundos em pedaços, por favor, tente fazer isso gentilmente."

E Jack se acostumou a isso. Jack passou a olhar o mundo com olhos mais leves, com intensões menos eternas. Passou a pensar no corpo antes do coração. Passou a dar mais valor à carne do que ao sorriso. Ao copo do que à companhia.

Jack foi se perdendo nos outros pra conseguir achar alguém que mudasse tudo, alguém que fizesse valer a pena.

Até que um dia, quando o mundo provava pra ele que uma consciência pode pesar mais do que tudo no universo, ele entendeu.

Um relance, olho ao olho. Um sorriso.

Um mundo de preocupações desabando ao chão. Um mundo de vergonha emergindo daquele coração solitário.

Seria mesmo?

Talvez sim. Talvez não.

Não era a paixão à primeira vista um misto de sombra e luz, verdade e mentira, sim e não? Não era a paixão um paradoxo?

O problema de tudo é explicar isso pra Jack naquele momento. O tempo parou, o chão sumiu e as velhas borboletas impacientes rodopiaram em seu estômago.

Cores desbotando no velho mundo cinza, como a hipnotizante dança da aurora do norte, nas noites frias. Noites sem sono lembrando gestos. O crescimento de uma velha necessidade de ser e de estar, a necessidade de ver um sorriso.



E agora ele sentado ali, com as luzes num tom tão único, olhando fundo nos olhos dela.

Porque não havia medo agora que os olhos dela brilhavam cada vez mais perto dos dele?

Acho que é hora de respirar fundo antes do mergulho.

E ela sempre pareceu tão impossível pra ele.


thomas

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