20101004

pôr-do-sol

O som da porta se fechando encheu o quarto. Era um baque seco, como um ponto final. A luz amarela do final do dia brilahva por trás das cortinas opacas, povoando o quarto de contrastes, sombras fundas. A cama, no meio do silêncio, estava desarrumada, todo o caos do universo naquele mar de tecido. na parte final da cama, no meio, o sol refletia em suas costas nuas. Garrafas vazias, bitucas de cigarro, suas roupas. O chão tinha consigo tudo o que poderia ter sido.

Ele estava sentado, sentindo a luz em suas costas, torcendo para que alguma parte dela entrasse no seu peito e preenchesse aquele vazio agoniante. Suas mãos se cruzaram em cima das cobertas que cobriam suas pernas, e ele se espantava ao se dar conta de que estava vivo.

Vivo, sim. Mesmo tendo que vê-la partir em um táxi que ele mesmo pagou, sabendo que ela usou sua escova de dentes enquanto chorava, que tinha que ir, que havia coisas em sua cabeça que naõ são do tipo que iriam passar.

Ele só se deu conta da sua dor ao perceber que até o chão estava menos vazio que ele.



t., a little time ago

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