20101003

segundos

Ela enchia o quarto, ela enchia sua cabeça. Mesmo não estando ali, ela era parte dominante, parte definitiva de tudo aquilo. E tudo passava tão rápido, e cabos de aço apertavam seu estômago, o calor fazia seus olhos arder, seu corpo todo tremia. Tinha que ser assim, não tinha? O telefone era só enfeite, o escuro lá fora era só detalhe. Por que tinha que ser assim? Era um universo de planos afundando, se perdendo no tempo. E de quanto tempo ele precisava? De quantas mais dúvidas os segundos iam se encher, contando as horas até o nascer do sol? O alcoól não podia mais ajudar, e os sonhos só traziam mais dor. Dor que enchia o quarto, enchia sua cabeça. Era vazio, mas doía. O tempo é relativo, mas cada segundo era doloroso. Cada segundo que vinha assustava, cada segundo que se passava era uma lembrança tão boa. O segundo de agora, entretando, era agoniante. E as pessoas olhavam, e ele baixava os olhos, procurando os passos que o levariam de volta pra onde ele queria estar. Nenhum corpo encaixaria naquele espaço que agora faltava. Todas as peças caíndo, longe do seu desejo.

"eu só queria dizer que eu sinto muito"

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