20100707

mais cedo do que o sol

Enquanto o sol lentamente, friamente, ia entrando no quarto, iluminando o seu rosto cansado, o mundo pareceu suspirar. A janela escancarada mostrava cenas que ele não reconhecia mais, e enquanto o sol subia e os pássaros voavam pela neblina baixa daquela manhã, lembranças brincam de esconde-esconde com todas as sombras do quarto. Uma música suave tocava em algum lugar do quarto, mal sabendo ela que à partir de hoje, nos anos que se seguirem, ela sempre vai provocar arrepios e uma dor grave, funda. Virou a melodia daquela dor.

Estava frio, mas ele não se importava, mal notava. Apele se arrepiava, e ele não sabia se era pelo frio, pela luz gelada da manhã. Podia ser do sono, do medo, da saudade. Podia ser do vazio.

O mundo acordava, o sol nascia, mas em algum lugar dentro dele, muitas coisas pareciam morrer. Algumas eram mortas pela mágoa, doce amargura. Como ele conseguiria seguir adiante? Queria ele saber. Queria ter a certeza do sol, que nasce e morre todo dia, seguindo seu caminho até sua luz entrar em colapso. Uma hora ou outra, ele sabia, ele iria descobrir como conseguiria, mas a certeza do desconhecido o assustava mais que tudo.

Ele não se importaria se ela tivesse ficado um pouco mais.


t.

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